Alma Aberta.

14 de nov. de 2007

Ser estranho.

Eu me sentia...
Qual seria a palavra exata... (?)
Ah sim, totalmente deslocada em meio de tantas pessoas "importantes" vestidas com longos vestidos e ternos pretos e azuis.
Como sempre, eu não estava "arrumada" para a ocasião.
E era muito difícil de entender como aquelas mulheres altas e magras conseguiam se equilibrar em cima daqueles altos saltos finos.
E eu achando que estava ficando louca, eram todas iguais e seguiam um rígido padrão.
E eu consequentemente me senti muito mal, havia mulheres lindas lá, bem elas não pareciam satisfeitas...
Reclamavam da maquiagem e também de seus maridos que eram ricos.
Eu que cresci em uma família humilde não sabia o que era ter "dinheiro".

Era a festa de uma prima minha, uma prima muito distante.
Foi difícil de achá-la em meio de tanta gente "igual".Afinal depois de 27 anos não é tão fácil reconhecer alguém.
Mas ela parecia saber exatamente quem eu era. Claro, eu sempre fui a prima mais "POBRE".Nunca me importei com isso, sabe, afinal eu tinha algo que ela nunca teve.
Eu tive duas pessoas que sempre me amaram, meus pais.
Agora nem eles tenho mais, mas continuo com minha vida simples com um cachorro e uma pequena casa em Albuquerque, num bairro não muito aconchegante, mas tenho meu emprego e continuo feliz;

Vendo todas aquelas pessoas me senti melhor.
Eu não precisava fazer uma cara feliz e cumprimentar todo mundo.
Fingir que estava alegre com a presença deles afinal, já me ignoravam e me olhavam com cara de nojo.
Eu nunca havia me sentido tão bem, pois sempre abusei da boa educação.
E foi isso que meus pais me ensinaram... Eu os olhava com uma cara de superioridade.
Eu era superior. Eu havia sido feliz ano após ano, e não havia passado meses em uma cama de hospital recuperando-me de uma plástica.

E por mais que eu quisesse todo aquele dinheiro, eu já não via necessidade de te-lo.

Voltei para casa como se tivesse...hum...
Não havia definição para o que eu sentia.A noite não foi perfeita e muito menos terrível.
Cheguei em casa, tomei meu banho e esquentei a sopa de sempre.
E voltei a ler meu livro que havia um tempão que não parava para ler.

Foi então que caiu a ficha, eu era feliz, mas isso não bastava.
Eu queria algo mais! SIM! Eu queria cair no mundo...Viver!
Larguei tudo: trabalho, amigos, a velha Albuquerque, e meu cão.
Não era muita coisa para deixar para trás, eu tinha uma boa quantia em dinheiro, suficiente para viver uma louca viagem.
Resolvi pegar um metro até uma cidadezinha não muito perto de Albuquerque, chamada Zória. Um lugar pouco tradicional, pois afinal eu era uma mulher de 29 anos que viveu com os pais até os 24, e que tivera apenas 1 namorado e nunca viajou para fora de seu país.
Queria mais, queria sair numa madrugada da quinta feira ficar bêbada e acordar em um lugar desconhecido... com apenas 10 reais no bolso.

E foi então que tudo começou.
Eu aluguei um quartinho pequeno em uma pensão no centro de Zória, o centro era um amontanhado de bares, bordeis, lancheiras e casas noturnas.
Não queria ficar muito tempo por lá mas queria aproveitar o máximo de lá.Conheci vários homens, e fiz muitas amigas.
Passei 5 meses vivendo em Zória nesse quartinho alugado...

Algumas pessoas diriam que eu realmente tinha um futuro,
Mas eu não via futuro nenhum para mim em Albuquerque.

Mas Zória, já havia me cansado.
Eu já havia passado muitas noites bêbada, sempre fui fraca para bebida, e já havia saído com muitos homens mas nada ali era realmente o que eu procurava.
Zória já não tinha tanta graça como quando à vi pela primeira vez.

Sai de Zória, com um carrinho que eu comprei de um velho homem à prestações com o dinheiro da boate em que eu trabalhei.

foi uma viagem longa, a maioria das vezes eu dormia em um motel à beira da estrada
E comia em lanchonetes, e postos de gasolina.
Eu não tinha um rumo, decidi que a terceira cidade que eu avistasse, seria meu próximo lar por alguns meses.

Desta vez o meu destino era uma cidade grande, capital, chamada São Pedro.
Foi bastante difícil achar um lugar para alugar.
tive então que me hospedar em um convento perto do centro da cidade;

Todas no convento me olhavam com uma cara estranha. Já estava até acostumada.
Quando eu passava olhavam pra mim e faziam o sinal da cruz.
Acho que me ouviram dizer que não acreditava mais em Deus.
Deus, mas que diabos é isso?
Só para esclarecer.

Esses meses que passei em Zória realmente mexeram comigo, passei por coisas realmente difíceis, mas não digo que não gostei.
Depois dai passei a ter uma visão totalmente diferente do mundo.
é o que qualquer um no meu lugar faria.
Eu me joguei pro alto [literalmente]
As coisas que eu falava já não eram tão cuidadosas,
meus pais se assustariam ao me ver neste estado.
Mas aí meu caros que entra a realidade, eu não poderia continuar com aquela grande mentira. Quem nunca se sentiu assim? Realmente faltava algo.
Eu eu ainda procuro.

Eu passei por muitas cidades, e por muitas coisa, mas depois de um tempo, eu voltei para casa, e descobri que o que faltava estava do meu lado.
Fiquei noiva do meu melhor amigo, Jesse, e acho que isso tudo não foi em vão.

Eu evolui e aprendi, que nas coisas mais simples da vida podem se encontrar a sua grande felicidade.

posted by Jú. M at 12:26

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